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Quase Seis


Shiiiu! Silêncio! A casa está dormindo vigiada pela escuridão. O silêncio absoluto faz com que o dia continue deitado e aproveitando a deliciosa madrugada. Tudo calmo, puro e sereno. Diante dessa tranquilidade nem os animais se atrevem a cantar. A cidade dorme. O campo dorme. Todos dormem. Ai que soninho!

E dentro da casa tudo está arrumado e cada um ocupa o seu lugar. Portas e janelas fechadas, luzes apagadas, cobertores e travesseiros bem ajustados e pessoas bem hospedadas. Nada fica no quase, tudo está bem. Tudo corre bem. As paredes estão paradas e não se mexem nem fazem ruído sequer. Talvez também estejam num sono profundo. Na verdade, a casa inteira dorme. As paredes, as janelas, os móveis, os enfeites, as comidas, os moradores, ninguém se manifesta. Afinal, o dia foi exaustivo e o descanso é merecido, né?!

Mas espere um pouco, todos estão descansando, mas eu já estou bem. Sim, eu, o narrador. Esse silêncio deve estar bom pra eles, mas a mim incomoda. Onde está o canto dos pássaros? O choro das crianças? O berro dos adultos? Cadê as músicas matutas que levantam o astral? Não aguento mais esse silêncio! Eu preciso gritar! Eu quero dizer: acordem pessoas porque eu cheguei para animar. Eu cheguei para agitar! Eu quero festa, alegria, sorrisos, músicas, onomatopeias. Vamos, passarinho, acorde! Cante! Voe! Seja livre!

Droga! Ninguém me escuta! Será que preciso extravasar um pouco mais? Mas e se eles se zangarem? Poxa! Todos estão dormindo e eu aqui acordado, mas sozinho e sem poder fazer barulho. Bem, eu não quero uma guerra, só que essa paz muda não dá. Estou com uma vontade de sair gritando, fazendo barulho e acordando todo mundo, mas acho que preciso esperar mais um pouco. Vamos tempo, acelere que já estamos quase lá. Que horas são? [...] Cinco e dez da manhã? Corre tempo que já é quase seis. Às seis horas eu acho que tudo estará pronto e já posso acordar a galera. Quem comanda esse relógio, por favor, hein!

Ai se eu soubesse tocar violão, estaria compondo nesse momento para ver se dou uma espairecida. Ai! Ai! Tic! Tac! Será que posso mexer nos ponteiros desse relógio? Cinco e trinta e três. Bom, são trinta e três minutos, se cada hora tem sessenta minutos, eu preciso fazer sessenta menos trinta e três que dá... hmmm... Vinte e alguma coisa, mas agora já são cinco e trinta e quatro. Aaah! Desisto de fazer contas.

Será que preciso voltar a dormir? Vamos lá, só uma cochilada e...

Hey... já são cinco e cinquenta e oito, nesse momento as coisas já precisam estar acontecendo. Uma mudança drástica já está próxima. O escuro está clareando, as estrelas estão sumindo e alguns ruídos estão surgindo e a paz está quase expirando. Sim, chegou minha vez. Eu, o dia, o narrador, já posso dizer: BOM DIA! Acordem porque hoje é o dia e já é seis.

Diego Luque

6 comentários:

  1. "Bem, eu não quero uma guerra, só que essa paz muda não dá."

    Sei bem como é isso.

    Bom dia pra você.
    Bom dia para os da casa.

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  2. Muito bom, Parabéns.

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  3. Haha... show de bola, parabéns Diego "Cota" (kk) e a todos do QUASE 6... q Deus abençoe vcs e este projeto!

    Abraços!

    Alexandre

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  4. josianititton@hotmail.com06/05/2013, 14:38

    Muito bom Diego Luque, parabéns...aguardando novidades

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  5. Essa paz muda é insuportável!!!! rs


    Um beijo, nossa casa é linda :)

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