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A vida à pena

No passadooralidade
ultrapassado
o índio
Aprendia porque
Via, ouvia, sentia
Sol era relógio,
Vento era música nos bambus
Abraço era ritual diário
No presente
o ocidente
Desaprende a ser
Não vê, não ouve, não sente
Relógio é status pra poucos
Vento vem sujo; condicionado para poucos
Abraço é palavra escrita em tela
Ver o papel com tinta
A palavra escrita
Não me mostra o sol
Quanto menos uma tela
Cheia de janelas
Faz o vento trazer o cheiro
No máximo cores
Mas não tem sabores
E o abraço não é real
No futuro
dinheiro serão só números
digitais, virtuais
Talvez até os animais
digitais também
Os humanos
Eu não sei
Se criarão mais palavras
Ou se viverão em paz
Trocamos a vida
Pela palavra escrita
Aprendemos de ouvir falar
Ler o que foi dito
Escrito com sangue
De quem vivia
Sem escrever
Enquanto você
lê, lembra do que ouviu
ou leu:
índio, sol, vento, cheiro e gosto
Aqui não há.
Só palavras.
Luiz Henrique, 20/08/2014

Luiz Henrique F. Cunha é professor e escritor
tem um blog luizhenrich.wordpress.com
Seu livro novo tem um site: http://historiade50metros.com

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Sobre Sonhar e Escrever.

Escrever, contar histórias, ler. São três coisas que aprecio muito em qualquer pessoa, ouvir os outros hoje em dia é algo que nem todos estão dispostos, estão todos em sua grande maioria trancados em seus mundos isolados e egoístas, talvez por medo ou por achar que ninguém tem muito a oferecer. O que é um erro nimiamente, afinal todos, independente de quem for, todos temos algo a oferecer, nem que seja a inutilidade da aparência.
Acredito que se temos um sonhos, temos que correr atrás dele, embora a vida nem sempre seja generosa, se pena muito até alcançar o que almejou. Muitos desistem e abandonam seus sonhos, mas se Deus fecha uma porta hoje, creio que ele deixa a janela encostada esperando que você perceba que ainda tem tempo. E se você não acredita em Deus, pelo amor de qualquer coisa que você acredite, se esforce, confie em você.
 Muitas pessoas sonham em viver da literatura, e embora nada seja fácil, quem realmente quer tem que se esforçar e se aperfeiçoar, lutar por isso e realizar. Escrever é uma das artes mais bonitas que conheço, é transparecer para a escrita idéias que vivem na mente, boas histórias que podem mudar o dia de alguém, uma boa reflexão, um bom poema, uma ótima crítica, liberdade, prazer, mundos paralelos. Tudo que você imagina ou sente por mais maluco que seja, a escrita torna possível.
Em tudo que se escreve tem que ter uma pitada de sentimentos que vivem no seu coração, nem que seja um versinho mal feito, nem que seja uma breve resenha com erros ortográficos, ou uma reportagem intimidando alguém, pois se não vier é palavras ao vazio e ninguém tem vontade nenhuma de experimentar.

Esse texto acabou saindo como uma forma de auto-ajuda, mas caramba não tem como eu falar de sonhar e escrever sem ser desse jeito.


Karen Lancerotti
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Contrato abstrato - enviado de meu iPhone

Incoerente.
O que eu vejo
Desprezo
O que eu quero
Espero
Se não sei se vale
Pergunto o preço
Não peço, 
Antes desmereço.
Se pudesse viveria enfim
Sem ter que me vender
Por grãos e cereais
Pra quem paga, praga,
Draga a droga, 
como animais. 
Se vendem, se compram, 
Se lucram, se enchem,
tornam a vender
Aqui, desejo, consumo,
Pretendo e estendo até de mim
O que posso pagar,
levar e comprar 
Que se faça um clássico!
Que se venda esta arte.
Desate, desprenda, deslivre-se. 
Que o que faço me faça.
No entanto.
No entanto.
No entanto.
Sem promessas.
Apenas que não olhem  por cima, 
de cima, para baixo.
Que me vejam pela frente. 
Aliás,
Que olhem para cima.
Ainda que todos tenham,
Que eu sempre seja.
Que coerência não seja simplesmente não ter um iPhone.
contra o consumismo, mas "enviado de meu iPhone"
Luiz Henrique
Luiz Henrique F. Cunha é professor e escritor tem um blog http://luizhenrich.wordpress.com Seu livro novo tem um site: http://historiade50metros.com