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O Barato Custa Caro

Era um dia fascinante. Estava abraçado com minha namorada de uma forma tão intensa que não queria soltar mais. Era uma cena invejável para muitos. Minha mão a acariciava e o sorriso dela acariciava minha alma. Tudo era tão lindo naquele momento homem e mulher quando, de repente, asas do inferno vêm nos atrapalhar. Uma barata deu um vôo rasante sobre a cama e parou em cima da maçaneta da porta. Rapidamente comecei a maquinar um plano infalível para aquela situação monstruosa, quando fui interrompido por uns gritos finos que começaram de uma forma desesperadora. Com toda tranqüilidade, minha namorada tentava me acalmar.

Com certeza era o bicho mais horrível que eu já havia visto. A sua perspicácia me assustava. Encarava-me como se soubesse que eu a temia. Minha namorada me dizia com seus olhos – Eu te protejo querido – Não! Não era assim que deveria funcionar. Eu sou o homem, eu sou sinônimo de proteção, de força, mas naquele momento eu era o sexo frágil. Minha heroína levantou-se da cama com leveza e dificuldade, até porque eu não queria largá-la, abaixou-se, pegou o chinelo mais próximo e se dirigiu à porta com toda sua delicadeza. A barata olhava pra ela com medo. E eu me perguntava – porque comigo ela desafia e com minha namorada ela cede? – Naquele instante, já conseguia ver o inseto se despedindo de mim quando minha gata não obteve sucesso. O monstro, com sede de vingança, voou em minha direção com total certeza do que estava fazendo. Eu já me via derrotado e pra piorar acabou a energia. Agora sim era meu fim. O inimigo estava por perto e eu nem sabia o quanto. Minha namorada me dizia - Amor? Tudo bem? – E eu querendo dizer que sim, mas não estava nada bem.

Parecia um pesadelo. Eu odeio pesadelos, mas naquele momento eu torcia muito para que fosse um. O medo tomava conta de mim quando percebi que minha namorada não estava mais comigo. Agora era algo pessoal. Aquele momento meigo havia se transformado no maior caos. Há alguns minutos, apaixonado, eu tomava conta do quarto, agora quem dominava era a barata. Rapidamente a energia voltou, mas eu mantinha meus olhos fechados. E uma voz doce e protetora me dizia – lindo, acalme-se! – Eu me senti no céu, não sabia se estava morto ou vivo, mas tinha certeza que era o céu. Abri vagarosamente meus olhos e vi meu anjo recolhendo a barata e jogando-a no lixo. 

Depois de ter lavado suas mãos, meu amor voltou. Ela me olhou, sorriu pra mim e disse – eu te amo! – Naquele momento eu queria que a barata voltasse pra que eu pudesse proteger minha pequena. Eu a envolvi em meus braços e disse – eu te quero muito mais agora.

Essa situação nada me constrangeu. Até fiquei feliz, pois sabia que aquela era a mulher certa. Não por que era uma exterminadora de baratas, mas porque aceitava meus medos e os curava. Continuamos tendo momentos invejáveis como aquele e sempre relembramos daqueles momentos de tensão. Dou muita risada daquilo e hoje eu afirmo que foi a coisa barata que mais me custou.

Diego Luque

6 comentários:

  1. Muito criativo, no fundo acho que esse é o desejo de todos os homens, que nós matássemos todas elas kkkkkkkkkk

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  2. top d+... não da pra não ler até o final

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  3. Miriam Névola03/06/2013, 17:46

    "aceitava meus medos e os curava", o amor é assim mesmo! nos aceita, nos cura! Gostei Dieguito!
    Miriam Névola

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  4. Cara,tu é muito bom nisso, hahaha adorei =)

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