Images Coração Defumado

Em um restaurante bem frequentado da cidade, tudo estava como sempre esteve. Pessoas sentadas com seus pratos prontos, saboreando uma ótima comida. Alguns batendo aquele papo saudável que vai nos abrindo cada vez mais o apetite, outros não tinham tempo de comer e muito menos conversar, e outros, pacientemente, ficam esperando os garçons passarem em suas mesas com aqueles belos espetos com belos cortes de carne e lhe oferecerem algo.

Eu estava sentado sozinho em uma mesa bem no cantinho daquele salão enorme e observava tudo que acontecia. Via as pessoas em suas mesas fazendo a refeição que, na minha humilde opinião, contrariando especialistas da área, é a refeição mais importante do dia. Ainda mais se tem churrasco. Para mim um pão com manteiga nunca conseguiria ganhar de um belo espeto de picanha. Mas naquele dia as coisas não estavam muito bem para mim e o stress subiu.

E enquanto estava observando tudo, inclusive a mim mesmo, um sorridente garçom, veio em seus trajes preto e branco, sorriso meio amarelado, com um belo espeto de carne e me perguntou:

- Boa tarde! Posso ajudar? Gostaria de algo mais?

Com toda sinceridade e em um tom bem grosseiro eu disse a ele:

- Eu gostaria de ter ao meu lado nesse momento a mulher que eu amo. Gostaria que ela me amasse também. Gostaria que ela percebesse em mim tudo que eu percebo nela. Meu desejo é que eu fosse para ela alguém muito importante.

Nesse momento, o garçom, que mudou rapidamente de expressão, tentou dizer algumas palavras, mas quando percebi que ele diria algo, o interrompi antes mesmo que as iniciasse.

- É meu amigo, é assim que estou. Com perdão da palavra, mas eu estou na “merda”. É assim que me sinto e é disso que eu preciso. Será que nisso você pode me ajudar? Vocês servem isso nesses espetos? Você consegue preparar isso naquela churrasqueirazinha? Vamos, meu amigo, você realmente pode fazer algo por mim? O que me diz agora?

O garçom, sem muito que fazer, pegou seu espeto de carne, apontou para mim como se me oferecesse e disse:

- Fraldinha? 

E eu, atônito com seu sensato conselho e sua rápida solução, respondi:

- Serve!

Diego Luque