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Quebre o meu coração



“Quebre o meu coração. Quebre quantas vezes você quiser. Ele sempre foi seu de qualquer jeito”. - Kiera Cass

É engraçado como eu sempre pensei que sabia o que era amor, até conhecê-lo, e eu o nunca quis de fato. Eu tinha tudo na minha vida. Minha família, meu emprego, e meu suposto amor. Meu mundo era perfeito, e eu não precisava sair dele. Até que eu não tive escolha.
Uma onda de confusões me obrigou a sair da cidade, sozinha, porque de algum fato, eu seria útil na matriz da minha empresa em outra cidade. E eu precisei partir sem ele, que até então, era o mais próximo que eu havia chegado do amor. Então, eu conheci Matt.
Ele era o oposto de tudo o que eu imaginei ser o certo, e em minha cabeça, eu jamais me envolveria com uma pessoa daquela personalidade, mas eu não sabia que poderia haver mais que aquilo.

-Boa dia, sweetheart. – ele disse com um sorriso no rosto enquanto passava pela minha mesa.
- Eu não sei o que você quer falando palavras em inglês que eu não conheço, mas pode guardá-las para você, ou para as outras mulheres que estão ali na porta desesperadas pela sua atenção – eu mostrei o caminho com meus olhos, e dei um sorriso debochado.

Essas foram as nossas primeiras palavras, e depois vieram outras, e outras, e brigas, discussões, até que um dia, eu não me lembrava mais porque eu tinha tanta repulsa por aquele homem.
Ele era gentil, e queria me conhecer por inteiro. Não se preocupava com o que eu vestia, ou para o tamanho do meu salário, nem para o meu cabelo, ou se eu estava usando salto alto. Ele se preocupava com a minha felicidade, e conforto, para que mesmo estando longe de casa, eu me sentisse no lar. E com o tempo, minha casa não era mais o meu lar, aquele lugar era. Mas as coisas não eram para serem fáceis, e Luke, o outro, também foi mandado para trabalhar naquele lugar.
Nós não tínhamos mais vínculo nenhum, mas eu seu coração, ele tinha esperança, e por eu não entender o que era amor, eu me prendi em uma confusão. Um dia, eu teria que voltar para casa, depois de toda a “guerra” que estava acontecendo no país, e o que me garantiria que Matt iria querer que eu ficasse? Seria errado ter um plano B? E então, o pior aconteceu.
Eu não tinha mais dúvidas de meu afeto por Matt, ou sobre minhas decisões, mas Luke não compreendia isso, e colocou tudo o que eu tinha em risco.

- Por que você não pode admitir o que sente? – ele dizia no meio de um dos seus ataques de nervosismo.
- Qual é a segurança que eu tenho de que qualquer um desses sentimentos é recíproco. Você já falou várias vezes sobre o seu, mas nunca objetivamente. Sabe como é difícil achar que você ouviu uma coisa, mas na verdade nunca ouviu? – perguntei com lágrimas nos olhos. E por um momento ele parou de andar para todos os lados.
- Você não entende que é difícil pensar que disse uma coisa, mas nunca disse? Ou de que já deixou tão claro que não precisava dizer com todas as palavras? – então ele se levantou e saiu em direção da porta, dando de cara com Luke.

Nesse momento, ele olhou para mim, e para ele, e para mim de novo.

- É por isso que você nunca afirmou nada de fato, não é mesmo? Por causa dele – ele apontou para Luke, com uma raiva que eu jamais tinha visto antes. – Esse tempo todo você estava me usando, enquanto estava com ele. – ele saiu enquanto cuspia as palavras.

Eu olhei para Luke com muita tristeza nos olhos, mas ele parecia ter algo importante a dizer.

- Eu não vim aqui para te ver, ou tentar falar mais nada com você, porque eu percebi que não estou mais a essa altura. Mas nós precisamos sair daqui depressa, há uma verdadeira guerra começando lá fora, e eu ainda preciso tentar avisar o seu “amigo”. – ele disse me puxando pelas escadas.

Ao chegarmos na rua, Matt estava paralisado em frente ao portão do meu prédio, com uma arma mirando em sua cabeça. Ao perceber a minha presença, ele tentou manter a calma, mas o atirador, rapidamente entendeu o drama, e mudou o alvo da arma, para mim. E foi quando eu me congelei, e tudo que eu vi, foi Matt se jogando em minha direção, e depois seu corpo em meus braços.

- Eu te amo, Mary. – ele falou tentando procurar suas forças - Quebre o meu coração. Quebre quantas vezes você quiser. Ele sempre foi seu de qualquer jeito. Eu não me importo se você me machucar de novo, ele sempre será seu, para amá-lo ou destruí-lo. Eu te amo, sweetheart. 


Foi quando eu entendi que amor não era só felicidade. Era luta também. Era mágoas, era desespero, mas que no fim traria paz, um lar, um abrigo, mas que você só conheceria se lutasse. Eu descobri que amor era ele, e a forma como ele me amava, fez entender o que seria amar alguém. E eu sabia isso, porque eu não pensaria duas vezes, antes de lutar para salvar a vida dele, mesmo que isso custasse entregar a minha vida. 

Andressa Oliveira
Inspirado no Livro "A Escolha"

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