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O Que Os Olhos Não Vêem o Coração Não Sente


Eu lembro daquele dia que eu acordei sem coração. Tudo normal, mas meu coração não estava comigo. Não sei porque, mas nem consegui sorrir naquela manhã. Levantei da cama e ainda meio desacordado meti com força o dedinho do pé na minha mesinha de estudo, mas nem doeu. Sangrou, mas não doeu. Estranho. Depois de arrumado fui à mesa tomar café. Dei bom dia aos meus pais, mas algo dentro de mim me perguntava se realmente havia algo de bom. Depois daquele bom dia eu me aquietei.

Após todo o ocorrido cheguei à conclusão de que meu coração era importante pra mim. Saí de carro e quase atropelei quatro gatos propositalmente, mas eles foram mais rápidos que o carro. Depois que o último gato se salvou eu parei o carro, pela primeira vez pensei, e fui atrás do meu coração. Não conseguia lembrar de nada do dia anterior. Prossegui com o carro bem devagar pra tentar não matar ninguém. Passei atentamente por ruas e ruas, esquinas e esquinas, casas e casas, prédios e prédios.

Nessa minha busca encontrei um prédio que me parecia familiar. O vazio dentro de mim me dizia para não entrar, mas eu quis entrar. Até porque era um prédio bem valorizado. Entrei e fui direto pro elevador. Ironicamente tinha um botão S2, mas no meu joguinho de mamãe mandou deu número 11, apesar de não estar obedecendo minha mãe naquele dia eu o apertei. Quando saí do elevador já tinha uma porta em frente. Sem hesitar dei umas porradas agressivas nela.

A porta abriu e tinha uma mulher lindíssima lá. Loira! Cabelos compridos, lindos, cheirosos e um pouco enrolados na ponta. Ela usava um brinco lindo da torre Eiffel na orelha. Ela tinha olhos verdes hipnotizantes. Fantásticos! E a boca, com certeza a mais linda que já vi. Uma boca bem desenhada que já estava me chamando. E que perfume aquela mulher tinha... Fiquei hipnotizado com ela! E pra completar, com a voz mais gostosa do mundo, ela disse: - Oi meu amor! Já estava com saudade! - pronto! Encontrei meu coração. Na mesma hora que ela terminou de falar eu olhei para o meu pé e respondi: - Aaaaai meu dedinho!

Diego Luque

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