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O Caminho do Rio! Final.



Uma semana se passou desde o ocorrido daquele fim de semana, eu já estava de volta a minha vida normal em São Paulo, mas aquela noite não saia da minha cabeça e principalmente o que ocorreu depois de todo aquele alvoroço.
- Você anda muito pensativa Adriana. O que ta acontecendo? - Eduardo disse sentado do meu lado na mesa da cozinha.
- Ah... sei lá...
- Se você não quer falar sobre não precisa.
Aquelas palavras me faziam sentir uma culpa que estourava uma veia no meu coração, eu sorri amarelo para ele, me levantei e fui tomar banho. Quase por uns segundos eu senti vontade, uma vontade imensa de contar para ele o que tinha acontecido, não por arrependimento e sim por culpa afinal ele é uma pessoa maravilhosa.

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- Ele perguntou de você...
- Não fale nada, não quero saber dele, entendeu Mariana? Foi só uma noite.
- Então tá né... Mas convenhamos que ele é uma gracinha.
- Eu devia parar de te ouvir.
- Fica calma o Eduardo não vai ficar sabendo.
- Confio em ti, não confio é em mim.
- Ah pelo amor, você não é nenhuma criança e as pessoas cometem erros, se perdoe e você se sentira melhor.
- Não é fácil assim
- Eu sei

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Quase três semanas se passaram e eu já tinha esquecido aquele fim de semana, e ele nunca mais me ligou, só que quando se pensa que os problemas sumiram é ai que eles voltam...

- Amor tira esse chocolate da minha frente que esse cheiro está me irritando.
- Mas como? É o teu preferido, olha direito.

Realmente era o meu preferido, chocolate apimentado.
Eduardo sentou do meu lado na cama e ficou a observar o livro que eu estava lendo.

- Adriana você ta bem?
- O que te leva a achar que não?
- Já percebeu que tu anda enjoando coisas que você gosta? Como chocolate e macarrão.
- Não tinha parado para pensar, vai ver não curto mais.
Eduardo ficou me olhando.
- Você não tá achando que eu to.... né?
- To achando sim.

Levantei da cama e corri pro banheiro, ele foi atrás.

- Quer vomitar né?
- Deve ser a gastrite... - Disse sem muita certeza, enquanto tentava vomitar.
- Essa náusea é irritante - esmurrei o espelho do banheiro.
- Esperando um pouco que já volto! - disse Eduardo saindo correndo do quarto.
- APROVEITA E NÃO VOLTA. - gritei

Só posso tá com tpm, pensei enquanto escovava os dentes para as náuseas passarem.

- Usa isso aqui. - Disse Eduardo me entregando uma sacola.
- Nossa demorou hein? Que remé... Como assim... Tu ta achando mesmo que eu...
- Só faz o teste, é rapidinho.
- Ok

Minutos depois...

- E ai?
- Eu acho que de hospital é mais confiável...
- Mas esse dai deu o que?
- Positivo....
- Positivo? 

Fiz que sim com a cabeça, e passamos alguns segundos eternos nos olhando e eu só conseguia pensar "Cara que bosta"

- Então... eu.. vou ser pai?
- Parece que sim. Mas eu quero ir no hospital ter certeza disso, porque eu não consigo acreditar.

Eduardo me abraçou e passamos um bom tempo assim.

 x-x-x-x

Eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser na hipótese do pai ser outra pessoa, mas eu estava com o Eduardo, ele estava feliz com aquela noticia e aquilo me alegrou. Meses se passaram e tudo foi se tornando cada vez mais aceitável, a primeira ultrassom, o primeiro movimento do bebê, o dia em que descobrimos que seria um menino, o dia em que ele nasceu, a vida estava tudo o que eu tinha sonhado passar ao lado dele anos antes, tudo se encaixando.

- Vou ao Rio esse fim de semana visitar Mariana e levarei Miguel comigo, ta?
- Não vai se descuidar dele?
- Prometo que não.
- Seja uma boa mãe.
- Eu já sou! 

Em um ano e seis meses o Rio de Janeiro não tinha mudado nada, igual como sempre, o mesmo calor, as mesmas pessoas calorosas, o mesmo ânimo, a mesma alegria...

- Mandei fazer um vestido lindo para você usar na minha formatura Adriana.
- Ah mas eu nem vou demorar na festa.
- Tem que está elegante assim mesmo e eu arrumei uma babá pra ficar com o nosso pequenino.
- Mariana não vou deixar meu filho com qualquer uma.
- Relaxa não é com qualquer uma, é com a Dona Maria minha babá da vida toda.

x-x-x-x-x

- Ele está aqui.
- O que?
- Desculpa, só to avisando.
- Vou fingir que nem conheço.

Sentamos na mesa dos convidados, e ele sentou em uma mesa que ficava em um canto junto com uns amigos e estava de frente para mim, tentei evitar não trocar olhares.

- Vou ao banheiro.
- Não demora Mariana.

Quando estava saindo do banheiro senti uma mão grossa e macia me puxando pelos braços.

- Por que você tem me evitado todo esse tempo?
- Precisamos esquecer o que aconteceu, agora me solta.
Ele soltou.
- Só me responde uma coisa.
- Pergunta.
- Eu fui tão ruim assim? Eu te fiz tão mal assim?
- Esqueça. Eu quero você longe de mim, eu cometi uma besteira aquele dia e se você se apaixonou o problema é inteiramente seu, você se iludiu, só me aproveitei da tua vontade para um desejo carnal, acredite só te usei.
Ele ficou me olhando nervoso e tenso e continuei...
- Saiba que você foi só um objeto, se iludiu por muito pouco, cara, cresce.
- Terminou?
- Terminei.
Ele aproximou o rosto bem perto do meu, olhou em meus olhos, seus olhos estavam lacrimejando e falou em meu ouvido.  
- Sua mentirosa de merda!
E foi embora, enquanto eu apenas fiquei parada, intacta e perplexa pensando sobre o que tinha acontecido, eu tentei amenizar as coisas, mas ele, cara, ele....

- Já vou.
- O que aconteceu Adriana?
- Eu não to bem.
- Ele te fez algo?
- Não, eu só quero ir. Me desculpa, eu te amo Mariana, mas tenho que ir.
- Tudo bem eu entendo.



Mariana me deu as chaves do carro e me abraçou. Depois daquele dia decidi que nunca mais voltaria ao Rio e assim então seguiria minha vida com Eduardo e Miguel, fiz besteira, me envergonhava daquela atitude covarde que tomei e sei que esconderia qualquer tipo de vestigios sobre todos os meus erros com aquela pessoa e guardaria comigo para todo o sempre.

Karen Lancerotti

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