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Aqueles dias


As propagandas de absorvente que me perdoem, mas desde os meus 10 anos de idade, eu nunca me senti como aquelas mulheres. Será que eu estou fazendo errado? Eu que tenho defeito? Alguém devia ser processado por não dar o que promete.
Voltando no tempo, eu não chorei quando fui ao banheiro e percebi que havia virado mocinha. Na verdade fiquei feliz em ser a primeira das minhas amigas, e ainda, ter uma desculpa para o meu mau humor. Só que junto das explicações sobre as cólicas e dores de cabeça, ninguém me falou nada sobre a TPM.
No começo, eu achava que era coisa de filme, e que as mulheres exageravam. Talvez eu fosse nova demais para entender, mas depois eu descobri que eu não só tenho TPM, como ela é violenta, exagerada, e bipolar. Eu geralmente vou do “não abra a boca, você me irrita” ao “me deixe em paz, eu quero morrer”. Ainda bem que minhas amigas perceberam isso sem eu ter que explicar, mas eu tenho pena daqueles que me perguntam o que aconteceu comigo nesses dias.
Além da parte do humor não instável, há outro problema, dos grandes. Eu não faço a mínima ideia de quanto tempo ela vai durar. Algumas vezes, é só por uma semana, as vezes são três. Antes, durante e depois. Praticamente um mês. Quem vai aguentar um mês de uma mulher louca com TPM. Posso garantir que os meus ex-namorados não aguentaram.
Namorado. Todo mês um teste de sobrevivência. Não é de amor não, viu? É paciência mesmo, porque ninguém deve ser obrigado a aguentar uma mulher que briga por motivos inexistentes. E os filmes? Que de repente começam a ter respostas para todas as suas perguntas, ou servem para acabar com o seu dia, mais do que ele já está destruído. Digo isso, porque uma vez, enquanto assistia a um filme sobre uma viciada em compras, chorei do início ao fim. DO INÍCIO AO FIM. Provavelmente, essa não era a intenção deles, não é?
Depois de muita gritaria, choro e brigas, você deita e percebe que isso não passa de uma fase, e que amanhã vai melhorar. Mas aí chega o outro mês, e o outro, e o outro, e você nem sabe mais o que é fruto da TPM e o que não é, e entende que as vezes, é bom se deixar expressar, mesmo que seja de uma forma maluca e sem fim. Pelo menos é você, “mesmo sendo bizarro”.

Andressa Oliveira

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